quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Feira “Semeando Sonhos, Cultivando Sabores e Garantindo Saúde": juventude camponesa do Maranhão garantindo alimentos saudáveis


A FETAEMA, juntamente com o Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Vargem Grande, Maranhão, realizam na próxima sexta-feira (08 de outubro), no município de Vargem Grande, a "Feira da Agricultura Familiar: “Semeando Sonhos, Cultivando Sabores e Garantindo Saúde".

A Feira tem como objetivo expor e comercializar os produtos da agricultura familiar local, principalmente os desenvolvidos nas propriedades dos jovens do Projeto Juventude e Gênero no Campo.
Agenda da feira:

Também recebem a Feira da Agricultura Familiar: “Semeando Sonhos, Cultivando sabores e garantindo Saúde":
  • ·         STTR de Pinheiro: dia 14 de outubro de 2013;
  • ·         STTR de Açailândia : dia 22 de outubro de 2013;
  • ·         STTR de Esperantinópolis: ainda com data a ser confirmada.


O Projeto Juventude e Gênero no Campo é fruto da parceria firmada entre a FETAEMA e a PETROBRÁS no ano de 2011. Ao todo cerca 161 jovens são contemplados (as) em todo o Maranhão.

Enviado por Mayron Borges

Foto: FETAEMA

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Um Fundo diferente...Fundo Dema "Somos A Floresta"



O FUNDO DEMA apoia projetos coletivos de associações comunitárias de camponeses, agroextrativistas, povos indígenas, comunidades quilombolas no Estado do Pará. 
É um fundo diferente porque surge (2003) pela ação dos movimentos sociais da Região da Rodovia Transamazônica, no oeste paraense contra o desmatamento e pelo agroextrativismo sustentável dos Povos da Floresta.
Origem: Grande quantidade de toras de mogno extraídas ilegalmente de Altamira foram embargadas no início de 2000 pelo IBAMA pela denúncia das organizações da região. Após pressões dos movimentos sociais o Governo Brasileiro cedeu a madeira que estava se deteriorando no rio Xingu destinando o seu valor para projetos socioambientais, pacto feito entre os movimentos sociais e o IBAMA no dia internacional do meio ambiente em 2003. A FASE foi indicada pelas organizações para gerir os recursos da venda da madeira e manter sua cobertura jurídica e administrativa.

O nome do Fundo Dema é em homenagem a liderança dos movimentos sociais de Altamira/Transamazônica, o “Dema”, assassinado em 2000 como consequência da sua luta em prol dos Direitos dos Povos da Floresta. 

O Fundo Dema delibera a partir de consenso de um conjunto de representantes de organizações indicados nas comunidades e que formam os coletivos de gestão.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Santarém: ainda uma Amazônia dos sonhos-a caravana dos sonhos e das lendas-


Por Vilmon Ferreira

Nos dias 22 a 25 de outubro/13 tive o privilegio de participar de uma caravana que me lembrou da história das caravelas de Cabral. Sem nenhum sentido de comparação dos objetivos de ambas, mas me senti descobrindo a amazônia brasileira num barco, hoje movido a motor. Aliás, o objetivo de nossa caravana teve um sentido de pura “boas intenções”, muito diferente das caravelas de Cabral.
  Pois bem, chamada de caravana agroecológica e cultural, apoitamos em Santarém no estado do Pará.  Região conhecida por baixo amazônia tendo como exuberância o Rio Tapajós e suas lendárias águas de boto-cor-de-rosa. Participaram pessoas de diferentes regiões do Brasil, inclusive eu e Miraci (esta encantou muita gente), na oportunidade representamos o estado de Mato Grosso.  Aliás, outras caravanas estão acontecendo pelo Brasil. A idéia destas caravanas é integrar os diferentes olhares de experiências agroecológicas espalhadas pelo Brasil e levar para o IIIº Encontro Nacional de Agroecologia (IIIº ENA) em 2014 a ser realizado em Juazeiro na Bahia. E deste encontro, com certeza, resultará em importantes diretrizes agroecológicas que enriquecerá o programa Nacional de agroecologia lançado recentemente no Brasil e nossa luta no dia-a-dia.
Voltando a Santarém, por sinal, terras abençoadas pelos bons espíritos das florestas e das águas, realmente encantada amazonia. Bem, a caravana foi dividida em dois grupos para visitar duas áreas: a da FLONA Tapajós (Floresta Nacional) no planalto e a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns.
Fui escalado, imaginem, para compor a caravana da Resex Tapajós – Arapiuns para navegar num belíssimo barco, com mais 35 compas agroecológicos, também privilegiados, por embrenharem-se nestas lendárias águas do Rio Tapajós.  Caravana esta, liderada por ninguém menos que um santareno, paraense legítimo, Sr. Antonio e que humildemente batizado e chamado por estas mesmas águas sagradas de: “mucura”.  Um cidadão nativo da amazônia de 75 anos, com energia juvenil extraídas, com certeza desta mesma natureza, aliás, o Sr mucura foi mais que um guia para a nossa caravana, e sim, uma figura humana emblemática de sapiência antropológica. Uma liderança que lutou pela criação da reserva extrativista Tapajós Arapiuns. Criada em 1998 como unidade de conservação de uso sustentável com 677.000 hectares em que é composta por 73 comunidades (7 aldeias indígenas, 10 comunidade mistas, 56 comunidades não indígenas), vivendo ali mais de 3 mil famílias. Esta Resex é atualmente presidida pela liderança jovem, Leonidas,  ao qual também agradecemos por nos acompanhar nesta viagem. Nosso tempo foi muito curto, por isso conseguimos visitar apenas 3 comunidades, duas indígenas (Solimões e Santo Amaro) e Surucuá (famílias extrativistas/agricultura familiar).
Em todas as comunidades, sem exceção, fomos prazerosamente recebidos com muita festa cultural regado a uma diversidade alimentar e bebidas típicas. Uma constatação essencial para agroecologia, em todas as comunidades em que visitamos, valorizam e preservam muito sua cultura. Por exemplo, no caso das comunidades indígenas tem professoras que ensinam sua língua de origem: yane kwema (bom dia!) e seguem seus ritos culturais.  
Nesta missão, olhamos por demais, com intuito de observar a agroecologia para além dos aspectos técnicos produtivos, ou seja, vivenciar as relações sócio-culturais e produtivos da comunidade como um todo.  Para terem uma idéia, a floresta para os povos na amazônia é um elemento significativo em suas vidas: lá fazem seus pequenos roçados que plantam mandioca, feijão, cará, milho e além de uma diversidade de frutas, como açaí, bacaba, curuá, etc, também trabalham com a borracha da seringa e a farinha da mandioca, dois produtos básicos para gerar renda. Desta floresta e das águas provem as lindas histórias lendárias que alimentam a cultura deste povo, Sr. Mucura que o diga.
Desta forma, a caravana comprovou e reafirmou o nosso conceito de agroecologia, ou seja, a diversidade sócio-produtivo, e com seus direitos territoriais assegurados, as pessoas destas comunidades (adultos, idosos, jovens, crianças) são felizes, preservam sua cultura e vivem bem nutridas por uma diversidade de alimentos saudáveis produzidos ali, os produtos que comercializam são de extrema qualidade, com destaque para a farinha. Da mandioca também extraem deliciosas bebidas como caxiri e tarubá servidos nas festas culturais.  Os antigos problemas são recorrentes não só aqui, mas em todo território nacional, as políticas estruturantes como transporte, energia e equipamentos para o beneficiamento da produção não chegam lá na ponta. Estas comunidades ainda necessitam de capacitação, informação e acima de tudo de organização, apesar do esforço incomunal do Sindicato dos Trabalhadores (as) Rurais de Santarém e de outras Ongs da região. O problema da DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf) é o mais grave, pois dificultam a se organizarem para acessar, por exemplo, os Programas PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Para minha surpresa, a Educação tem uma relação bastante interessante nestas comunidades, são professores (as) que se formam da própria comunidade e voltam para ensinar e repassar os conhecimentos para suas gerações. Imaginem se os programas PAA e PNAE fossem acessados e a produção destas comunidades adquiridos para alimentação da própria escola, seria de fato e de direito os passos da agroecologia sendo consumados. Mas infelizmente isso não ocorre, ainda as escolas são alimentadas pela prefeitura por enlatados, conservas e biscoitos de péssima qualidade nutricional e às vezes não vem em quantidade suficientes.
Os desafios ainda continuam para estas organizações de base, como STTRs e Ongs de educação popular de levar a informação e organizar coletivamente para que estes povos da floresta e das águas possam acessar e conquistar políticas públicas. Ou seja, se organizarem para cobrar do governo que faça sua parte.
Enviado Guilherme Carvalho ONG FASE Amazônia

    




ENCONTRO NA REGIÃO NORTE ESTIMULA O DEBATE SOBRE AS ALTERNATIVAS AO AGRONEGÓCIO

Caravana Agroecológica e Cultural de Santarém. (foto:agroecologia.org.br)


 A Caravana Agroecológica e Cultural de Santarém terminou no último dia 25 com saldo positivo para os setenta e oito agricultores, agricultoras, integrantes de ONGs e movimentos sociais de diversos estados do Brasil que participaram do encontro. O roteiro passou pela Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns e Floresta Nacional do Tapajós (Flona).
O evento durou três dias e foi uma das etapas preparatórias do terceiro Encontro Nacional de Agroecologia que está previsto para maio de 2014, em Juazeiro, na Bahia.Durante a caravana, ficou evidente que apesar de não conhecerem o termo agroecologia, os agricultores colocam em prática costumes locais que reforçam a economia sustentável.
Na região da Reserva Extrativista, em comunidades como Suruacá, onde vivem mais de cem famílias, é comum a variedade nos roçados: a mandioca, base da alimentação local e fonte de renda a partir da venda na forma de diversos produtos convive com a banana e outros cultivos. Os agricultores não utilizam agrotóxicos nas plantações.
Marilene Rocha, vice presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém destacou a Reserva Extrativista como uma das maiores conquistas dos movimentos sociais da região por ter garantido o território para os trabalhadores frente a instalação de madeireiras na região. Para a sindicalista, a Caravana foi uma oportunidade de reforçar a necessidade de lutar contra a instalação de hidrelétricas projetadas pelo governo federal para o rio Tapajós.
Ao final da Caravana os participantes compartilharam o aprendizado de cada um dos percursos e discutiram alguns desafios para o agroextrativismo e a agroecologia na Amazônia. Entre os destaques está a informação e acesso a políticas públicas que garantem a venda de produtos da agricultura camponesa direto para o governo, como é o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de Alimentação Escolar. (pulsar)

Audios:

Programa Caravana Agroecológica e Cultural de Santarém:

Conheça a iniciativa da caravana agroecológica que mobilizou agricultores, movimentos sociais e ONGs de todo o Brasil.
Enviado por Letícia Tura-ONG Fase

Livro mostra como produzir sem destruir os recursos naturais e pode ser baixado gratuitamente


Livro lançado pelo ISA e Embrapa mostra que é possível produzir conservando os recursos naturais
Produzir alimentos, carne, madeira e fibras de maneira sustentável tornou-se uma necessidade e é um dos grandes desafios do setor agropecuário brasileiro. Uma publicação lançada pelo Instituto Socieambiental (ISA) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que é técnica e economicamente possível produzir sem destruir os recursos naturais. O livro “Plantar, Criar e Conservar: unindo produtividade e meio ambiente” reúne textos que apresentam de maneira simplificada e didática formas de se planejar uma propriedade adequando-a ambientalmente.
A publicação, disponível gratuitamente para download, foi organizada por Natália Guerin e Ingo Iserhagen e contou com apoio da Usaid. Os sete capítulos foram escritos por pesquisadores da Embrapa, técnicos do ISA e parceiros. Eles apresentam experiências acompanhadas pelas instituições em Mato Grosso. As ilustrações e imagens utilizadas ajudam na apreensão do conteúdo. Além disso, o livro traz sugestões de fontes complementares de conhecimento sobre os temas abordados.
Conteúdo
O primeiro capítulo de “Plantar, Criar e Conservar: unindo produtividade e meio ambiente” apresenta a legislação ambiental vigente e aborda os conceitos e regras para a adequação das propriedades. Na sequência, o leitor conhecerá técnicas de restauração ecológica de áreas de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL), bem como formas de conservação do solo e dos recursos hídricos.
Nos capítulos seguintes o livro traz um passo a passo para a adoção de modelos de produção sustentáveis. Um deles é a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF)que permite a produção de diferentes produtos em uma mesma área, gerando maior produção por área, diversificação de produtos, melhor aproveitamento dos recursos naturais e maior segurança para o produtor. Neste capítulo, além de introduzir o sistema produtivo, são apresentados exemplos de fazendas que já adotam a iLPF em Mato Grosso.
A publicação também mostra as boas práticas em manejo de pastagem, que contribuem para aumento da produtividade da pecuária e para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Nos dois últimos capítulos, o livro traz informações sobre duas importantes alternativas de complementação de renda para o produtor e que vem ganhando destaque na produção agropecuária nacional:  a apicultura e a piscicultura.
 
Como adquirir

O livro “Plantar, Criar e Conservar: unindo produtividade e meio ambiente” está disponível gratuitamente em formato digital. Interessados podem acessá-lo e fazer o download no sitehttp://www.socioambiental.org/sites/blog.socioambiental.org/files/nsa/arquivos/livro-baixa.pdf .
Jornalista: Gabriel Faria (mtb 15624/MG JP) 
Embrapa Agrossilvipastoril gabriel.faria@embrapa.br
Enviado por Kelem Cabral


Livro resgata trajetória de Ademir Federicci, o Dema, liderança que lutou pelos povos do campo e da floresta na Amazônia. Até hoje os assassinos estão impunes!!!


DEMA: Uma vida doada É o título do livro organizado por Padre Vicente Zambello. 
O Livro são as memória de Ademir Alfeu Federicci, um jovem cristão, líder sindicalista e ecologista.
Para quem conheceu Dema e sua família, ler o livro emociona e revolta pelo seu fim trágico caído nos braços de sua esposa.
                                                
Chama a atenção pela sua atualidade e a tentativa de mostrar a simplicidade de um líder sindical e ecologista no seu dia a dia através de seus próprios relatos (diário e fotos) de parentes e amigos.

Dema foi assim, mesmo que por vezes o caminho pareceu a ele nebuloso, tinha em si a vontade de acertar e de fazer o melhor.

Padre Vicente nos dá uma visualização deste jovem líder para que todos possam conhecê-lo melhor. Falar de pessoas como o Dema é falar de quem tem fé, é ao mesmo tempo dizer para quem lê: qual é teu sonho para uma sociedade melhor? Você sabe o caminho, ao menos busca como o Dema buscou?
Quem quiser conhecer o livro deve escrever para:   Padre Vicente Zambello
Fonte:http://www.prelaziadoxingu.com.br/partida/index.php?option=com_content&view=article&id=137:dema-prazer-em-conhecer&catid=68:noticias&Itemid=129

domingo, 27 de outubro de 2013

O mundo em que vivemos é ecocida, por Boff




Leonardo Boff-Adital
No dia 27 de setembro, centenas de cientistas reunidos em Estocolmo para avaliar o nível de aquecimento global do planeta, o conhecido Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), nos transmitiram dados preocupantes: "Concentrações de dióxido de carbono (CO2), de metano (CH4) e de óxido nitroso (N2O), principais responsáveis pelo aquecimento global, agora excedem substancialmente as maiores concentrações registradas em núcleos de gelo durante os últimos 800 mil anos”.
A atividade humana influiu nesse aquecimento com uma certeza de 95%. Entre 1951 e 2010 a temperatura subiu entre 0,5ºC e 1,3ºC e em alguns lugares já chegou a 2ºC. As previsões para o Brasil não são boas: poderemos ter, a partir de 2050, um permanente verão durante todo o ano.Tal temperatura poderá produzir efeitos devastadores para muitos ecossistemas e para crianças e idosos. Os cientistas do IPCC fazem um apelo ardente para que se iniciem no mundo todo imediatamente ações, em termos de produção e de consumo, que possam deter este processo e minorar seus efeitos maléficos. Como disse um dos coordenadores do relatório final, o suíço Thomas Stocker: "A questão mais importante não é onde estamos hoje, mas onde estaremos em 10, 15 ou 30 anos. E isso depende do que fizermos hoje”.

Pelo visto muito pouco ou quase nada se está fazendo de forma articulada e global. Os interesses econômicos de acumulação ilimitada à custa do esgotamento dos bens e serviços naturais prevalecem sobre as preocupações pelo futuro da vida e pela integridade da Terra.

A percepção básica que se tem ao ler o resumo de 31 páginas é que vivemos num tipo de mundo que sistematicamente destrói a capacidade de nosso planeta de sustentar a vida. Nossa forma de relacionamento para com a natureza e a Terra como um todo é ecocida e geocida. A seguir por este rumo vamos seguramente ao encontro de uma tragédia ecológico-social.

O propósito de incontáveis grupos, movimentos e ativistas se concentra na identificação de novas maneiras de viver de sorte que garantamos a vida em sua vasta diversidade e que vivamos em harmonia com a Terra, com a comunidade de vida e com o cosmos.

Num trabalho que nos custou mais de dez anos de intensa pesquisa, um pedagogo canadense e experto em moderna cosmologia, Mark Hathaway, e eu, tentamos ensaiar uma reflexão atenta que incluísse a contribuição do Oriente e do Ocidente a fim de delinearmos uma direção viável para todos. O livro se chama: "O Tao da libertação: explorando a ecologia da transformação” (Vozes 2012). Fritjof Capra fez-lhe um belo prefácio e a comunidade científica norte-americana o acolheu a edição inglesa benevolamente, pois o Instituto Nautilus nos conferiu, em 2010, a medalha de ouro em Ciência e Cosmologia.

Nossa pesquisa parte da seguinte constatação: há uma patologia aguda inerente ao sistema que atualmente domina e explora o mundo: a pobreza, a desigualdade social, o esgotamento da Terra e o forte desequilíbrio do sistema-vida; as mesmas forças e ideologias que exploram e excluem os pobres estão também devastando toda a comunidade de vida e minando as bases ecológicas que sustentam o Planeta Terra.
Para sair desta situação dramática, somos chamados, de uma maneira muito real, a nos reinventar como espécie. Para isso precisamos de sabedoria que nos leve a uma profunda libertação/transformação pessoal, passando de senhores sobre as coisas a irmãos e irmãs com as coisas. Essa reinvenção implica também uma transformação/libertação coletiva através de um outro design ecológico. Este nos convence a respeitar e viver segundo os ritmos da natureza. Devemos saber o que extrair dela para a nossa subsistência coletiva e como aprender dela pois ela se estrutura sistemicamente em redes de inter-retro-relações que garantem a cooperação e a solidariedade de todos com todos e conferem sustentabilidade à vida em todas as suas formas, especialmente à vida humana. Sem esta cooperação/solidariedade de nós com a natureza e entre todos os humanos, não encontremos uma saída eficaz.

Sem uma revolução espiritual (não necessariamente religiosa) que envolva uma outra mente (nova visão) e um novo coração (nova sensibilidade) em vão procuramos soluções meramente científicas e técnicas. Estas são indispensáveis; mas, incorporadas dentro de um outro quadro de princípios e valores que estão na base de um novo paradigma civilizatório.

Tudo isso está dentro das virtualidades do processo cosmogênico e também dentro das possibilidades humanas. Importa crer em tais realidades. Sem fé e esperança humanas, não construiremos uma Arca salvadora para todos.

[Veja Leonardo Boff e Mark Hathaway, O Tao da Libertação: explorando a ecologia da transformação, Vozes 2012].

Revista da ABRA: Agronegócio e Realidade Agrária no Brasil


Baixe aqui:

http://www.abrareformaagraria.org/

Quero leite sem agrotóxicos!!!!

Mato Grosso se mobiliza para Caravana Agroecológica

Enviado por Fran Paula - Fase Mato Grosso

sábado, 26 de outubro de 2013

FIX, um fundo dos Povos Indígenas

Cartilha do FUNDO INDÍGENA XINGU (FIX)na lingua mãe do Povo do Xikrin e Kayapó
Cartilha FIX Bilingue real.pdf


Mais Informações :http://www.fundodema.org.br/site/

FASE/Fundo Dema – Fundo Indígena Xingu – FIX
Rua Bernal do Couto, 1329 – Umarizal
CEP: 66055 – 080 – Belém – Pará
Fone: (0xx91)4005-3751
Email: fundodema@fase-pa.org.br

Associação Comunitária Indígena Tapiête – ACIT
Avenida Doutor Isaias Antunes Pinheiro, 1018 AP 05
CEP: 68193-000 – Novo Progresso – Pará
Fone:(0xx93)8125-9191/ 8107-2443


Enviado por Rosinele Uchoa Kayapó

                                       

Comida industrial: adoecendo as pessoas e o planeta


Silvia Ribeiro
La Jornada, Mexico, DF
As cinco doenças mais comuns no México estão ligadas à produção e ao consumo de alimentos provenientes da cadeia agroalimentar industrial: diabetes, hipertensão, obesidade, câncer e enfermidades cardiovasculares. Algumas totalmente, outras parcialmente,  mas nenhuma dissociada. Isso se traduz em má qualidade de vida e tragédias pessoais, mas além disso em altos gastos com atendimento médico e com o orçamento de saúde pública, e um enorme subsídio oculto para as multinacionais que dominam a cadeia agroalimentar, das sementes ao processamento de alimentos e à venda em supermercados. Ou seja, mais razões para questionar esse modelo de produção e consumo de alimentos.
Em artigos anteriores, comentei como o sistema agroindustrial alimenta somente 30% da população mundial, mas seus graves impactos na saúde, mudanças climáticas, usos de energia, combustíveis fósseis, água e contaminação são globais.
Contrastando com , a diversidade de sistemas alimentares camponeses e em pequena escala é que alimenta 70% da população mundial; entre 60 e 70% desse percentual são aportados por pequenas parcelas agrícolas, as hortas urbanas, com 15 a 20%, a pesca com entre 5 e 10%, e a caça e coletas silvestres 10 a 15% (Ver Quem nos alimentará?, La Jornada, 21/09/13 ewww.etcgroup.org) . Acrescento agora dados complementares da mesma fonte.
Em termos de produção por hectare, um cultivo híbrido produz mais do que uma variedade, mas para isso requer uma semeadura em monocultura, em extensas áreas planas e irrigadas, com grande quantidade de fertilizantes e alto uso de agrotóxicos (pesticidas, herbicidas, fungicidas). Tudo isso diminui a quantidade de nutrientes que contém por quilo. Os cultivos camponeses, pela  substituição histórica que sofreram, na sua maior parte ocorrem em terrenos irregulares, encostas e terras pedregosas, sem irrigação. Se compararmos isoladamente a produção de um cultivo camponês com o mesmo híbrido industrial, a produção por hectare será menor. Contudo, os camponeses semeiam, por necessidade e conhecimento, uma diversidade de cultivos simultaneamente, e vários do mesmo cultivo com diferentes características, para usos diferentes e para suportar diferentes condições, além de cultivos distintos que se auxiliam entre si (aportam fertilidade e protegem dos insetos), e como usam pouco ou nenhum agrotóxico, cresce ao seu redor uma variedade de plantas comestíveis e medicinais. Sempre que podem, os camponeses consorciam também a criação de algum animal doméstico ou peixes. Somando tudo,  o volume de produção por hectare das áreas camponesas é maior que o das monoculturas industriais, além de resistirem de forma muito melhor às mudanças de clima, sendo também muito maior sua qualidade e valor nutritivo.
Do que é colhido na agricultura industrial, mais da metade é usado como forragem de gado criado em grande escala e confinado (porcos, frangos, bovinos). 
Toda a soja e milho transgênicos produzida no mundo – e também os que querem plantar no México  - não é destinada à alimentação humana, mas sim para produzir rações para a criação industrial de animais, também dominada pelas multinacionais, e cujo excesso de consumo é outro fator causador das principais doenças.
Dos fertilizantes sintéticos utilizados na agricultura industrial, a maioria é justamente para produzir rações, e a metade do que é aplicado não chega às plantas por problemas técnicos. Por sua vez, o escoamento dos fertilizantes é fator fundamental para a contaminação da água e produção dos gases de efeito estufa.
Além disso, na cadeia industrial são desperdiçados entre 33 e 40% dos alimentos durante a produção, transporte, processamento e nos lares. Outros 25% são perdidos no excesso de consumo, produzindo obesidade, entre outras coisas pela dependência causada pela quantidade de sal, açúcar e produtos químicos acrescentados.
Na América do Norte e Europa, o desperdício de alimentos per capita é de 95 a 115 quilos por ano, enquanto que na África Subsahariana e sudeste da Ásia (com predominância da agricultura camponesa), é de 6 a 11 quilos per capita, 10 vezes menor.
Diante do desperdício e da gravidade dos problemas de saúde e ambientais provocados pela cadeia industrial de alimentos, é urgente reformular políticas que não a estimulem, e em seu lugar incentivem a produção diversificada, sem agrotóxicos, com sementes próprias e em pequena escala, que além de tudo são a base de trabalho e de sustento de mais de 80% dos agricultores do país. No extremo oposto, está a produção industrial com transgênicos, que exacerba todos os problemas mencionados e, além de tudo, por estar nas mãos de cinco multinacionais, é uma entrega da soberania nacional. A semeadura de soja transgênica já está ameaçando de morte os apicultores, terceiro item na exportação nacional, que provê o sustento de 40 mil famílias camponesas. As solicitações de plantio comercial de milho transgênico em milhões de hectares ameaçam eliminar a outros milhares de famílias camponesas e contaminar o patrimônio genético mais importante do país.
Se esses dados ainda não fossem suficientes, os eventos climáticos extremos que o país sofreu – com estragos exacerbados por políticas que aumentam a vulnerabilidade -, estão diretamente vinculados a esse sistema alimentar agroindustrial, que é uma das causas principais das mudanças climáticas.
Silvia Ribeiro é pesquisadora do Grupo ETC
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti
enviado por Rossilan Rocha


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Diálogo entre saberes na luta contra agrotóxicos





Fortaleza, Ceará, vai receber o EncontroInternacional Ecologia de Saberes: construindo o dossiê sobreimpactos dos agrotóxicos na América Latina de 22 a 25 de outubro de 2013. A abertura acontecerá com a palestra do Prof Boaventura de SousaSantos, as 18h, na Concha Acústica, com o apoio da Pro-reitoria de Extensãoda UFC.
O Encontrobusca desenvolver métodos que permitam o diálogo entreos saberes científico e popularna produção de conhecimento para uma ciência crítica e emancipatória, construída por pesquisadores, trabalhadores ou gestores dos serviços públicos de saúde e militantes de movimentos sociais camponeses da América Latina.
Para maiores informaçõesacessar olink http://saudecampofloresta.unb.br 
Fonte: Pró-reitoria deExtensão


Vídeo – Brasil Agroecológico

Vídeo produzido para o lançamento do Brasil Agroecológico – Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica que tem como principal missão articular políticas e ações de incentivo ao cultivo de alimentos orgânicos e com base agroecológica e representa um marco na agricultura brasileira.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Amazônia: Caravana Agroecológica começa amanhã (22 de outubro)


21/10/2013
A Caravana Agroecológica e Cultural de Santarém será realizada nos dias 22 a 25 de outubro, com a participação de cerca de 100 pessoas e dois roteiros envolvendo sete comunidades: um passa pela ReservaExtrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns e o outro pela Floresta Nacional do Tapajós (Flona), incluindo a BR-163 e o município de Belterra.

O evento é uma das etapas preparatórias do III Encontro Nacional de Agroecologia que será realizado em maio de 2014 em Juazeiro, na Bahia. A interlocução entre agroextrativistas, agricultores, lideranças dos movimentos sociais do campo e organizações da sociedade civil de todas as regiões do Brasil faz parte da metodologia da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), que busca agir politicamente a partir das práticas e desafios dos agricultores e agricultoras nos territórios.

ATUALIDADE - A Caravana Agroecológica e Cultural de Santarém ocorre, coincidentemente, na semana seguinte ao lançamento do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – Brasil Agroecológico, que prevê, até o final do ano de 2015, um investimento de R$ 8,8 bilhões em 125 iniciativas. O objetivo é articular políticas e ações de incentivo ao cultivo de alimentos orgânicos e de base agroecológica e a conservação dos recursos naturais. A solenidade realizada durante a II Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário contou com a participação da presidenta Dilma Rousseff e diversos ministros, além de representantes da sociedade civil e parlamentares, no dia 17 de outubro.

“Vamos seguir trabalhando juntos por uma agricultura sustentável, uma vida mais saudável e um campo onde as pessoas gerem renda, emprego e possam criar seus filhos e os jovens possam se manter. O plano não é perfeito, temos que olhar para ele com muito carinho e aperfeiçoá-lo sistematicamente”, destacou a presidenta durante a cerimônia.

Para Fábio Pacheco, coordenador da Associação Agroecológica Tijupá, no Maranhão, o lançamento do Plano é um momento histórico para as organizações que lutam para ampliação das práticas agroecológicas no país. “Sem dúvida é um reconhecimento à agroecologia. Claro que estamos esperançosos em poder ampliar as possibilidades de ação a partir da estrutura do Plano. No entanto, vemos nele muitas limitações. A começar por não explicitar questõescomo a regularização fundiária e a reforma agrária, problemas muito sérios também no contexto amazônico”, comentou por telefone.

No lançamento, Pepe Vargas, ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), anunciou 100 decretos para desapropriações de terras destinadas à reforma agrária até o fim do ano, atendendo 5 mil famílias, e comentou que uma das faces mais importantes do Brasil Ecológico está na área do crédito, onde se concentra a maior parte do investimento (R$ 7 bilhões entre investimentos do MDA e do Ministério da Agricultura). O valor mal, se comparado ao crédito disponível para o agronegócio, é bastante baixo. No plano Safra 2013/2014 foi anunciado que o orçamento da agricultura empresarial será de R$ 136 bilhões.

Na avaliação de Pacheco, da Tijupá, uma questão a ser considerada quanto ao crédito para a agricultura familiar é a dificuldade de acesso pelo agricultores e adequações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Aqui se impõe mais uma vez a questão da regularização fundiária. Sem registro, o acesso ao crédito é limitado. A dificuldade em responder à burocracia é outra barreira para os pequenos agricultores agroecológicos.

Ele comentou ainda que o edital de Assessoria Técnica e Extensão Rural que atenderá a 75 mil agricultores e agricultoras (50% mulheres) é um ponto positivo no Plano. No caso do agroextrativismo, no entando, há previsão para manejo de recursos não madeireiros para 345 famílias, apenas. Pacheco também elogiou o Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica – Ecoforte, que prevê R$ 175 milhões para melhorias na produção e processamento, apoio para acesso aos mercados convencionais, alternativos e institucionais e para ampliação da renda dos agricultores familiares e extrativistas. “É importante partir da lógica de apoio às redes”, destacou, explicando que a venda de produtos e melhoria da renda é um grande desafio em comunidades da Amazônia, inclusive naquelas por onde vai passar a Caravana Agroecológica de Santarém.

CAMINHOS - A visita às comunidades da ReservaExtrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns e da Floresta Nacional do Tapajós (Flona)vai permitir conhecer a economia e a vida das comunidades e as experiências que já cumprem papel importante para melhorar as condições de vida na floresta. São exemplos as Oficinas Caboclas (produção de moveis e artefatos com aproveitamento de resíduos de madeira), os micro-sistemas de abastecimento de água, o beneficiamento de produtos da mandioca e do extrativismo, os viveiros de mudas para reposição florestal, entre outros. A oportunidade vai ampliar o debate sobre o novo plano lançado pelo governo federal e também outros programas federais, como o BolsaVerde, que tem impacto sobre a vida dos povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas da região.

Na oportunidade, os participantes da caravana também poderão conhecer novos e antigos conflitos territoriais que ameaçam os modos de vida das comunidades, impedindo o avanço da agroecologia. São exemplos, o projeto de construção de usinas hidrelétricas no Tapajós, o interesse os projetos das empresas de mineração na região, a expansão da fronteira agrícola na Amazônia, incluindo questõescomo o escoamento da produção de soja e a ação das madeireiras. Outro tema importante são as vitórias e desafios das comunidades para gestão de seus territórios.

De volta a sede do município de Santarém será realizado um seminário de encerramento com debates sobre Os Desafios do Agroextrativismo na Amazônia e sobre Economia Verde e Serviços Ambientais (PSA).

As entidades responsáveis pela organização da Caravana são: Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária (CEAPAC), Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém, Terra de Direitos, Casa Familiar Rural de Santarém (CFR), FASE e Associação Agroecológica Tijupá.

*Com informações de Eduardo Sá, da Articulação Nacional de Agroecologia.

- Mais sobre o lançamento do Brasil Agroecológico
- Mais sobre as Caravanas no site da Articulação Nacional de Agroecologia



Enviado por Letícia Tura - FASE Solidariedade e Educação