terça-feira, 26 de junho de 2012

O mundo está menos diverso

Nunca mais?


O mundo está menos diverso. No último fim de semana, chegou ao fim a história de um tipo de animal importante para que o homem começasse a compreender sua própria evolução. A extinção aconteceu à vista de todos, como que para marcar o encerramento da Rio+20 e reforçar a necessidade urgente de lidarmos com a natureza de forma mais ‘humana’. 
Essa um tanto melancólica tartaruga gigante acima, conhecida como ‘George, o solitário’, era provavelmente o último representante da subespécie Chelonoidis nigra abingdoni, a tartaruga-das-galápagos-de-pinta. Encontrado em 1972, vivia desde então sob proteção no Parque Nacional de Galápagos, no Equador. Sua morte foi anunciada, de forma surpreendente, no domingo, dia 24. George tinha cerca de 100 anos - jovem para uma espécie que pode viver dois séculos. Teria morrido de solidão? 

Créditos das fotos: Putnet Mark/Flickr e trackrecord/Flickr
Se ainda resta esperança, sempre podemos acreditar que pesquisadores possam encontrar indícios de outros indivíduos da subespécie ainda ‘escondidos’ nas ilhas. Mas talvez não. Fato é que a diversidade de espécies das tartarugas gigantes, que ajudou Darwin a formular a teoria da evolução após sua viagem de 1835, já não é mais a mesma. 
Leia mais novidades sobre biodiversidade e meio ambiente no site da Ciência Hoje on-line.

Declaração Final da Cúpula dos Povos denuncia que a causa da crise global é o sistema capitalista patriarcal, racista e homofobico


Cúpula dos Povos na Rio+20


Declaração final da Cúpula dos Povos na Rio+20: por Justiça Social e Ambiental. Em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida
O documento final da Cúpula dos povos sintetiza os principais eixos discutidos durante as plenárias e assembléias, assim como expressam as intensas mobilizações ocorridas durante esse período – de 15 a 22 de junho – que apontam as convergências em torno das causas estruturais e das falsas soluções, das soluções dos povos frente às crises, assim como os principais eixos de luta para o próximo período.
As sínteses aprovadas nas plenárias integram e complementam este documento político para que os povos, movimentos e organizações possam continuar a convergir e aprofundar suas lutas e construção de alternativas em seus territórios, regiões e países em todos os cantos do mundo.
Você também pode ler a carta aqui (em pdf).

Declaração final
Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental
Em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida
Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.
A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.
As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.
Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.
As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista patriarcal, racista e homofobico.
As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistematica violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.
Da mesma forma denunciamos a divida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos oprimidos do mundo, e que deve ser assumida pelos países altamente industrializados, que ao fim e ao cabo, foram os que provocaram as múltiplas crises que vivemos hoje.
O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre los recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessarios à sobrevivencia.
A dita “economia verde” é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento publico-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.
As alternativas estão em nossos povos, nossa historia, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemonico e transformador.
A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidaria, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética,  são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.
A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos.
Exigimos uma transição justa que supõe a ampliação do conceito de trabalho, o reconhecimento do trabalho das mulheres e um equilíbrio entre a produção e reprodução, para que esta não seja uma atribuição exclusiva das mulheres. Passa ainda pela liberdade de organização e o direito a contratação coletiva, assim como pelo estabelecimento de uma ampla rede de seguridade e proteção social, entendida como um direito humano, bem como de políticas públicas que garantam formas de trabalho decentes.
Afirmamos o feminismo como instrumento da construção da igualdade, a autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidade e o direito a uma vida livre de violência. Da mesma forma reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.
O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada é fundamento para um novo paradigma de sociedade.
Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para as corporações.
A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:
  • Contra a militarização dos Estados e territórios;
  • Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;
  • Contra a violência contra as mulheres;
  • Contra a violência as lesbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgeneros;
  • Contra as grandes corporações;
  • Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas e por auditorias populares das mesmas;
  • Pela garantia do direito dos povos à terra e território urbano e rural;
  • Pela consulta e consentimento livre, prévio e informado, baseado nos princípios da boa fé e do efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;
  • Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;
  • Pela garantia e conquista de direitos;
  • Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
  • Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;
  • Pela mudança da matriz e modelo energético vigente;
  • Pela democratização dos meios de comunicação;
  • Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;
  • Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL.
Voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construirmos as convergências necessárias para seguirmos em luta, resistindo e avançando contra os sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução.
Em pé continuamos em luta!
Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.
Cúpula dos Povos por Justiça Social e ambiental em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Carta do Rio de Janeiro: Declaração Final do IX Acampamento Terra Livre – Bom Viver/Vida Plena

 
Carta do Rio de Janeiro:
Declaração Final do IX Acampamento Terra Livre – Bom Viver/Vida Plena
Rio de Janeiro, Brasil, 15 a 22 de junho de 2012
Nós, mais de 1.800 lideranças, representantes de povos e organizações indígenas presentes, APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (COIAB, APOINME, ARPINSUL, ARPINSUDESTE, povos indígenas do Mato Grosso do Sul e ATY GUASU), COICA – Coordenadora de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica, CAOI – Coordenadora Andina de Organizações Indígenas, CICA – Conselho Indígena da América Central, e CCNAGUA – Conselho Continental da Nação Guarani e representantes de outras partes do mundo, nos reunimos no IX Acampamento Terra Livre, por ocasião da Cúpula dos Povos, encontro paralelo de organizações e movimentos sociais, face à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Depois de intensos debates e discussões realizados no período de 15 a 22 de Junho sobre os distintos problemas que nos afetam, como expressão da violação dos direitos fundamentais e coletivos de nossos povos, vimos em uma só voz expressar perante os governos, corporações e a sociedade como um todo o nosso grito de indignação e repúdio frente às graves crises que se abatem sobre todo o planeta e a humanidade (crises financeira, ambiental, energética, alimentar e social), em decorrência do modelo neo-desenvolvimentista e depredador que aprofunda o processo de mercantilização e financeirização da vida e da Mãe Natureza.
É graças à nossa capacidade de resistência que mantemos vivos os nossos povos e o nosso rico, milenar e complexo sistema de conhecimento e experiência de vida que garante a existência, na atualidade, da tão propagada biodiversidade brasileira, o que justifica ser o Brasil o anfitrião de duas grandes conferências mundiais sobre meio ambiente. Portanto, o Acampamento Terra Livre é de fundamental importância na Cúpula dos Povos, o espaço que nos possibilita refletir, partilhar e construir alianças com outros povos, organizações e movimentos sociais do Brasil e do mundo, que assim como nós, acreditam em outras formas de viver que não a imposta pelo modelo desenvolvimentista capitalista e neoliberal.
Defendemos formas de vidas plurais e autônomas, inspiradas pelo modelo do Bom Viver/Vida Plena, onde a Mãe Terra é respeitada e cuidada, onde os seres humanos representam apenas mais uma espécie entre todas as demais que compõem a pluridiversidade do planeta. Nesse modelo, não há espaço para o chamado capitalismo verde, nem para suas novas formas de apropriação de nossa biodiversidade e de nossos conhecimentos tradicionais associados.
Considerando a relevante importância da Cúpula dos Povos, elaboramos esta declaração, fazendo constar nela os principais problemas que hoje nos afetam, mas principalmente indicando formas de superação que apontam para o estabelecimento de novas relações entre os Estados e os povos indígenas, tendo em vista a construção de um novo projeto de sociedade.
Repúdios
Em acordo com as discussões na Cúpula dos Povos, repudiamos as causas estruturais e as falsas soluções para as crises que se abatem sobre nosso planeta, inclusive:
- Repudiamos a impunidade e a violência, a prisão e o assassinato de lideranças indígenas (no Brasil, caso Kaiowá-Guarani, Argentina, Bolívia, Guatemala e Paraguai, entre outros).
- Repudiamos os grandes empreendimentos em territórios indígenas, como as barragens – Belo Monte, Jirau e outras; transposição do Rio S. Francisco; usinas nucleares; Canal do Sertão; portos; ferrovias nacionais e transnacionais, produtoras de biocombustíveis, a estrada no território TIPNIS na Bolívia, e empreendimentos mineradores por toda a América Latina.
- Repudiamos a ação de instituições financeiras como o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que financia grandes empreendimentos com dinheiro público, mas não respeita o direito à consulta as populações afetadas, incluindo 400 regiões no Brasil, e em todos os países em que atuam, inclusive na América Latina e África.
- Repudiamos os contratos de REDD e créditos de carbono, falsas soluções que não resolvem os problemas ambientais e procuram mercantilizar a natureza e ignoram os conhecimentos tradicionais e a sabedoria milenar de nossos povos.
- Repudiamos a diminuição dos territórios indígenas.
- Repudiamos todas as iniciativas legislativas que visem submeter os direitos indígenas ao grande capital, através da flexibilização ou descaracterização da legislação indigenista e ambiental em vários países, como a PEC 215 e o Código Florestal no congresso brasileiro e as alterações propostas no Equador.
- Repudiamos a repressão sofrida pelos parentes bolivianos da IX Marcha pela “Defesa da Vida e Dignidade, Territórios Indígenas, Recursos Naturais, Biodiversidade, Meio Ambiente, e Áreas Protegidas, pelo Cumprimento da CPE (Constituição Política do Estado) e o respeito a Democracia”. Manifestamos nossa solidariedade aos parentes assassinados e presos nesta ação repressiva do estado boliviano.
- Repudiamos a atuação de Marco Terena que se apresenta como líder indígena do Brasil e representante dos nossos povos em espaços internacionais, visto que ele não é reconhecido como legítimo representante do povo Terena, como clamado pelas lideranças deste povo presentes no IX Acampamento Terra Livre.
Propostas
- Clamamos pela proteção dos direitos territoriais indígenas. No Brasil, mais de 60% das terras indígenas não foram demarcadas e homologadas. Reivindicamos o reconhecimento e demarcação imediatos das terras indígenas, inclusive com políticas de fortalecimento das áreas demarcadas, incluindo desintrusão dos fazendeiros e outros invasores dos territórios.
- Reivindicamos o fim da impunidade dos assassinos e perseguidores das lideranças indígenas. Lideranças indígenas, mulheres e homens, são assassinados, e os criminosos estão soltos e não são tomadas providências. Reivindicamos que sejam julgados e punidos os mandantes e executores de crimes (assassinatos, esbulho, estupros, torturas) cometidos contra os nossos povos e comunidades.
- Reivindicamos o fim da repressão e criminalização das lideranças indígenas, como dos parentes que se manifestam contra a construção de Belo Monte. Que as lutas dos nossos povos pelos seus direitos territoriais não sejam criminalizadas por agentes do poder público que deveriam exercer a função de proteger e zelar pelos direitos indígenas.
- Exigimos a garantia do direito à consulta e consentimento livre, prévio e informado, de cada povo indígena, em respeito à Convenção 169 da OIT – Organização Internacional do Trabalho, de acordo com a especificidade de cada povo, seguindo rigorosamente os princípios da boa-fé e do caráter vinculante desta convenção. Precisamos que seja respeitado e fortalecido o tecido institucional de cada um de nossos povos, para dispor de mecanismos próprios de deliberação e representação capazes de participar do processo de consultas com a frente estatal.
- Clamamos pela ampliação dos territórios indígenas.
- Clamamos pelo monitoramento transparente e independente das bacias hidrográficas.
- Clamamos pelo reconhecimento e fortalecimento do papel dos indígenas na proteção dos biomas.
- Pedimos prioridade para demarcação das terras dos povos sem assistência e acampados em situações precárias, como margens de rio, beira de estradas e áreas sem infraestrutura sanitária. Apenas no Brasil, existem centenas de acampamentos indígenas nesta situação. 40% da população destes acampamentos são crianças.
- Clamamos pela melhora das condições de saúde aos povos indígenas, como por exemplo, no Brasil, pelo aumento do orçamento da SESAI – Secretaria Especial de Saúde Indígena, a implementação da autonomia financeira, administrativa e política dos DSEIs – Distritos Sanitários Especiais Indígenas, e a garantia dos direitos dos indígenas com deficiência.
- Queremos uma Educação Escolar Indígena que respeite a diversidade de cada povo e cultura, com tratamento específico e diferenciado a cada língua, costumes e tradições.
- Exigimos que se tornem efetivas as políticas dos estados para garantia da educação escolar indígena, tal como os territórios etnoeducacionais no Brasil.
- Queremos uma educação escolar indígena com componentes de educação ambiental, que promova a proteção do meio ambiente e a sustentabilidade de nossos territórios.
- Exigimos condições para o desenvolvimento a partir das tradições e formas milenares de produção dos nossos povos.
Finalmente, não são as falsas soluções propostas pelos governos e pela chamada economia verde que irão saldar as dívidas dos Estados para com os nossos povos.
Reiteramos nosso compromisso pela unidade dos povos indígenas como demonstrado em nossa aliança desde nossas comunidades, povos, organizações, o conclave indígena e outros.
A SALVAÇÃO DO PLANETA ESTÁ NA SABEDORIA ANCESTRAL DOS POVOS INDÍGENAS
RIO DE JANEIRO, 20 DE JUNHO DE 2012
APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, COICA – Coordenadora de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica, CAOI – Coordenadora Andina de Organizações Indígenas, CICA – Conselho Indígena da América Central, e CCNAGUA – Conselho Continental da Nação Guarani.
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6346&action=read
Enviado por Tania Pacheco  Por

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Globalización de la Lucha contra los Agrotóxicos


La Vía Campesina realizó, este martes 19, un encuentro de la Campaña Continental contra los agrotóxicos en el marco de la Cumbre de los Pueblos, en Río de Janeiro, Brasil. El objetivo fue socializar las experiencias de los países en su lucha contra estos venenos y articular un espacio a nivel internacional que recoja las experiencias ya en construcción.
El V Congreso de la CLOC-Vía Campesina, realizado en Quito, Ecuador en 2010, decidió lanzar una campaña continental contra los agrotóxicos y por la vida. Dentro de los objetivos de la campaña, está la lucha contra las transnacionales de los venenos y la erradicación de los agrotóxicos y la promoción de una agricultura basada en la agroecología.
“Vendo mi tierra”
Los participantes de los diversos países expusieron la situación de la lucha contra los venenos en sus países, Silvia Rodríguez, de CONAMURI – Paraguay, resaltó como un problema común; los incentivos de los propios gobiernos al uso de los agrotóxicos. Además, como la utilización de los químicos vienen causando como la pérdida de fertilidad de la tierra, lo cual, ha llevando a muchos campesinos y campesina a abandonar sus propiedades. “En la región de Caaguazu, se ven muchos letreros que dicen: Vendo mi tierra. Ya no consiguen producir más nada y sus animales son muy perjudicados. Principalmente, cuando fumigan, el viento esparce los agrotóxicos y los frutos amanecen todos muertos”.
Otro punto abordado fueron los transgénicos. Los representantes de México explicaron que su lucha principal es por la preservación de la biodiversidad, sobretodo en el caso del maíz. La cultura mexicana realiza polinización cruzada por el aire y por eso los cultivos transgénicos pueden contaminar el maíz nativo, una tradición milenaria.
Por otro lado, los representantes brasileños alertaron que Brasil está listo a aprobar cultivos resistentes al 2,4 D, uno de los herbicidas más tóxicos existentes. En este sentido, la lucha contra los transgénicos y contra los agrotóxicos resulta indisociable. Cabe resaltar, que la liberación de las variedades resistentes al 2,4 D va a impulsar el uso de este agrotóxicos, que es el principio activo del agente naranja, utilizando en la guerra de Vietnan.
Agroecología, un camino común
Para las organizaciones de la CLOC- VC, el camino es la agroecología, es un modelo de desenvolvimento del campo que respeta al agricultor y garantiza la soberanía alimentaria de los pueblos. En este sentido, Cuba tiene un papel fundamental en la formación de militantes latinoamericanos. Asimismo, Paraguay, que está formando técnicos en agroecología en Cuba para traer es experiencia.
Los ecuatorianos resaltaron la importancia de la actuación en el campo del consumo, “ es importante tener claro de dónde vienen los productos”. La legislación ecuatoriana ya aprobó una ley de Economía Popular y Solidaria, que actúa en la priorización de las compras a pequeños productores. “En lugar de pagar a las grandes empresas, pagamos a los compañeros y compañeras”.
En este intercambio de experiencias, los agrotóxicos y transgénicos fueron identificados como una problemática peligrosa en todos los países de América Latina, la agroecología no solo es una alternativa política, ambiental y social sino garantiza una producción de alimentos saludables.
En ese sentido, el camino ahora sigue por la construcción de una campaña internacional que pueda potencializar las experiencias locales y dar fuerza a una lucha contra los agrotóxicos.
-
http://cloc-viacampesina.net/es/campanas/campana-contra-los-agrotoxicos-y-por-la-vida/1091-globalizacion-de-la-lucha-contra-los-agrotoxicos
 
Enviado por Tania Pacheco, por

Encontro Cerimonial de Mulheres de Saberes Andinos - WARMI TINKUY 2012

   ::: CUSCO-PERÚ :::

WARMI TINKUY 
Encuentro Ceremonial de Mujeres de Saberes Andinos

27, 28 y 29 de Julio 2012


* Talleres Circulares
* Ceremonias Andinas
* Música Ritual
* Cantos de Medicina Femenina
* Fuego Sagrado
* Oráculos
Fonte:http://circulodemujeres-peru.blogspot.com.br/
Enviado por
Luciane Soares

Pedido de apoio internacional para o Cacique Raoni e os representantes dos povos indígenas do Xingu (Brasil), contra o projeto Belo Monte.

Pedido de apoio internacional para o Cacique Raoni e os representantes dos povos indígenas do Xingu (Brasil), contra o projeto Belo Monte.
O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais.
Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura.
Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?
Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.
Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.
Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.
O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.
Premiers signataires de la pétition
Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: ” Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro ” .
Autores : Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó, Yakareti Juruna, representando 62 lideranças indígenas da Bacia do Xingu
 Assine aqui:
Assinatura da petição de RAONI
http://www.raoni.com/assinatura-peticao-contra-belo-monte.php

Enviado por A Margem do Xingu - Vozes não consideradas

terça-feira, 19 de junho de 2012

A agroecologia e a esperança globalizada

 
A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), um movimento que está integrado cada vez mais com os pequenos produtores e camponeses familiares, tanto no Brasil, como em redes internacionais, aprovou uma série de reivindicações para a Rio+20. “A verdadeira saída para a crise é fortalecer a agricultura camponesa, que mesmo sem o apoio dos governos satisfaz 70% da necessidade de alimentos do mundo”, diz Denis Monteiro, um dos coordenadores da ANA
Por Najar Tubino
Rio de Janeiro - A Cúpula dos Povos é um evento diverso, mas também muito disperso. As tendas maiores onde se concentram as grandes discussões, estão espalhadas, mas alguém esqueceu de numerá-las na frente. A pergunta mais frequente é onde acontecerá tal palestra, Onde fica a tenda número tal. E perdidos. Então além da busca por representantes dos movimentos sociais, é preciso correr para conseguir alguns minutos de conversa. No domingo, dia 17, consegui vencer a correria, depois de algumas horas participando de duas plenárias, uma sobre soberania alimentar, onde e economia solidária.
A agricultura e pecuária ocupam 30% da área continental do mundo, são cerca de 8,7 bilhões de hectares para cultivos, pastagens e florestas. Cerca de dois bilhões de hectares foram degradados desde a II Guerra Mundial. Essas atividades consomem 70% da água empregada nas atividades humanas. Números que impressionam, mas que só expressam o tamanho do problema que os povos enfrentam neste momento.
Recentemente a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), um movimento que está integrado cada vez mais com os pequenos produtores e camponeses familiares, tanto no Brasil, como em redes internacionais, aprovou uma série de reivindicações para a Rio+20. Estão em debate, para fazer parte do documento final da Cúpula dos Povos, será redigido no dia 20, na abertura do encontro oficial no Riocentro. Denis Monteiro, um dos coordenadores da Ana estava na plenária e explicou os principais pontos.
“- Diante da crise econômica, as alternativas que os mercados e os governos estão incentivando não vão resolver o problema. Produzir mais agrocombustíveis não vai resolver a crise energética. Não adianta querer colocar preço nos serviços ambientais, para serem incorporados nos mecanismos de mercado. O REDD é uma mera compensação. A verdadeira saída para a crise é fortalecer a agricultura camponesa, que mesmo sem o apoio dos governos satisfaz 70% da necessidade de alimentos do mundo.”
As mudanças climáticas, a disseminação dos transgênicos o aumento do uso de agrotóxicos se encaixam nesse perfil de mudanças, se os parâmetros da agroecologia fossem incorporados na produção de uma maneira extensiva. O problema é que o sistema como um todo precisa mudar. E os incentivos sempre são encaminhados para o agronegócio. O fundamento da mudança é que mobiliza os movimentos como a Via Campesina. Não somente no Brasil.
Javier Sanchez Anso, espanhol da região de Aragon, membro da coordenação do seu país, está participando da Cúpula como representante da Via Campesina Europa – ele é um dos componentes do grupo que participarão das discussões no Riocentro. A Via Campesina Internacional foi criada em 1989, na Bélgica, com a idéia de fortalecer o movimento dos agricultores mundialmente, porque todos têm a mesma linha, a mesma preocupação, os mesmos interesses.
- “Entre as décadas de 1950 e 1980, na Europa foram implantadas as políticas neoliberais, que pregavam a ida dos agricultores para as cidades, precisam ser liberados para as indústrias, o comércio, ou fazer uma carreira universitária. Estavam todos impregnados de mercado. A Política Agrícola Comum dos países europeus, com o apoio do Banco Mundial incentivava a economia de escala e a exportação em grandes volumes. Foi uma época que junto com os Estados Unidos dominávamos a produção de alimentos no mundo. Ainda hoje, esse sistema de produção custa 50 bilhões de euros, ou cerca de 100 euros por cidadão na Europa, explica Javier Anso.
O pior é que ainda massacravam o mercado mundial com grandes estoques e crédito à vontade, com um ano de prazo para pagamento. O problema é que agora o barco mudou de direção. Na Espanha, apenas 6% das pessoas que trabalham no campo têm menos de 35 anos. E mais de 60% dos trabalhadores e produtores no campo têm mais de 60 anos. Ao longo das últimas décadas a União Europeia acabou com as políticas de acesso à terra, financiamento que liberavam propriedades de 4, 5 hectares, como algumas que ainda existem hoje em dia, em Aragon.
E agora, argumenta Javier, os pais dos jovens que antes iam para a cidade, não podem dar este conselho aos filhos. Porque o desemprego entre os jovens na Espanha é de 50%. A mudança do sistema agrícola com uma política de incentivo aos jovens, com informação e formação em agroecologia, é uma das saídas. É preciso um período de transição, com marco regulatório, afinal quem produz precisa saber em que condições poderão vender. Com ênfase nos mercados locais, estabelecendo uma relação entre consumidores das cidades e produtores vizinhos.
- Precisamos saber como daremos esse passo da transformação do modelo de produção, como serão os novos tributos, os financiamentos, as garantias reais para viabilizar o novo modelo. Posso garantir que 90% dos produtores não mudam para a agroecologia porque não tem legislação que ampare. “Inclusive em Aragon temos a maior área de transgênicos da Espanha, cooptados pelo próprio governo”, acrescentou Javier Anso.
Por isso, eles estão organizando outro tipo de fórum de discussão, estabelecendo novas alianças a nível mundial, chamado de “Foro Nieleny”. A Via Campesina da Europa congrega os 17 países da zona do euro, tem a moeda em comum, e conta com observadores, ou representantes solidários, na Geórgia, Sérvia, Bósnia e Rússia. Continua na mesma linha original: romper a lógica da organização, sair modelos atuais de fazer política e de organização. “Só com a luta comum poderemos mudar o sistema”, definiu Javier Anso.
O problema das temáticas, todas detalhadas, em vários blocos é que não identificam apenas um ponto a atacar. Esta é a proposta do boliviano Pablo Solon, trabalha na Tailândia, numa organização social chamada FOCUS. O alvo são os bancos, o sistema financeiro internacional, com seus trilhões de dólares rodando 24 horas por dia, em diferentes moedas, em aplicações bilionárias na área de alimentos, ou commodities – mercadorias que tem preço definido no mercado internacional.
- Nós podemos nacionalizar o gás, o petróleo, porém o verdadeiro setor que está sempre por trás de tudo, é o financeiro. E ninguém ataca os bancos. É o setor que mais ganhou especulando, do que produzindo. É uma realidade surrealista. Temos uma economia mundial que envolve US$63 trilhões de dólares, e calcula-se que existam l.5 quatrilhões em derivativos. Nem sabemos o que significa esta cifra. “São 250 vezes maior do que a economia mundial”, argumenta Pablo Solon.
A verdade é que nunca identificamos o verdadeiro culpado. A única saída é enquadrá-los. Mas quem vai fazer isso? A proposta de Solon é que os parlamentos nacionais desenvolvam a questão. Outro problema, pois é necessário muito esclarecimento para que os movimentos convençam a população do verdadeiro inimigo. De qualquer forma sem mexer no sistema financeiro, todas as outras mudanças estão prejudicadas. E é justamente esse sistema que está por trás da economia verde. Bônus e títulos de mercado serão negociados livremente em bolsas. Será o paraíso dos fundos de hedge, quem contam com bilhões para investimentos com retorno garantido. Junto com fundos de pensão internacionais e fundos de private equity, que compram empresas, formarão a base financeira da negociação dos bônus da economia verde.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20372&boletim_id=1237&componente_id=20059
Enviado por Tania Pacheco: 

Belo Monte, Anúncio de uma Guerra - filme

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Tendas sobre agroecologia e povos indígenas abrem atividades da Cúpula dos Povos




 





Natasha Pitts, jornalista da Adital
Começou oficialmente nesta sexta-feira (15), no Rio de Janeiro (Brasil), a ‘Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental'. Centenas de pessoas continuam chegando ao Aterro do Flamengo, local do evento, e modificando a paisagem carioca. As tendas e auditórios ainda estão sendo montadas e aos poucos ativistas, jovens, pesquisadores de universidades e sociedade em geral começam a se reunir para debater temas como desenvolvimento sustentável, nanotecnologia, reciclagem, diálogo interreligioso, entre outros.
Uma das atividades da manhã deste primeiro dia foi o debate Agricultura e Crises Ambientais, com a participação de Paulo Petersen, da Associação Brasileira de Agroecologia. Paulo conversou com os participantes sobre assuntos como a crise ecológica profunda e a segurança alimentar que afetam cada dia mais a população.
"Não basta falar de segurança alimentar, a Monsanto, uma das maiores produtoras de agroquímicos, também fala nesse tema. Nós precisamos falar de soberania alimentar. E Cuba dá um exemplo disso, pois o país tem condições políticas”, disse.
O palestrante também tocou em um ponto que deverá ser amplamente debatido na Cúpula: a capacidade da sociedade civil de influenciar o que está sendo debatido no Riocentro, onde acontece a Conferência das Nações Unidades sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
"Nós sofremos de invisibilidade, por isso temos que reaprender a fazer política, precisamos também renovar os movimentos sociais e estimular a capacidade de reação. O movimento agroecológico é pouco visto, mas quando produtores rurais decidem usar semente crioula e não usar agrotóxicos eles incomodam, são vistos”, instiga.
Paralelamente, em outra tenda, foi lançado o Corredor Etnoambiental Tupí Mondé, iniciativa constituída por povos indígenas do tronco tupi guarani e da família Mondé, que são os Paiter (Suruí), Paderej (Cinta Larga), Ikolen (Gavião), Pangyjej (Zoró) e Karo (Arara), falantes do Rama Rama. Estes cinco povos indígenas somam cerca de quatro mil pessoas espalhadas por territórios em Rondônia e Mato Grosso do Sul.
A criação deste Corredor Etnoambiental quer, entre outras coisas, evitar que se repitam episódios violentos como o Massacre do Paralelo 11, quando 3.500 Cinta Larga morreram envenenados por arsênico. Acredita-se que empresários tenham encomendado as mortes a pistoleiros. O crime aconteceu em 1960, mas até hoje está vivo na memória dos povos indígenas.
Nas palavras do cacique Josias, a necessidade de organização entre estes cinco povos, com laços culturais tão fortes e próximos, era óbvia.
"Temos semelhanças na cultura, na língua, nas tradições, então decidimos nos unir e nos fortalecer por meio de uma organização. Dessa forma, vamos poder juntos buscar nossa sustentabilidade econômica, gerir melhor nossos territórios e fortalecer a cultura indígena”, explicou Josias, assegurando a união entre os conhecimentos dos indígenas mais velhos e dos mais novos foi fundamental.

PARE BELO MONTE!


Belo Monte, Rio Xingu, Estado do Pará, 15 de junho de 2012 – Trezentas pessoas entre povos indígenas, agricultores, pescadores, ativistas e moradores afetados pela construção da Hidrelétrica de Belo Monte ocuparam essa manhã uma das ensecadeiras de Belo Monte – pequena barragem próxima da Vila de Santo Antônio. Abriram um canal com picaretas, pás, enxadas, deixando o Rio Xingu correr livre novamente. Moradores do Xingu fizeram uma faixa humana com as palavras “Pare Belo Monte”. No início da Rio +20, enviam uma mensagem da imensa devastação social e ambiental que este projeto está causando a região, alertando que hidrelétrica não é energia limpa. A mensagem dos povos é “Energia que não respeita a lei, a população local, violenta direitos indígenas, destrói comunidades e o meio ambiente não pode ser limpa”. Eles querem a paralização da construção de Belo Monte! Foto: Atossa Soltani/ Amazon Watch / Spectral Q.

www.amazonwatch.org

A FASE na Cúpula dos Povos!


Agricultura familiar, cidades, governança e muito mais! Programação aqui!!!

http://www.fase.org.br/v2/pagina.php?id=3699 


PAD afirma: ‘economia verde’ fere marco dos Direitos Humanos

Em nota pública, rede formada por agências ecumênicas europeias e entidades brasileiras afirma que a implementação do marco regulatório internacional já existente e criado nas últimas décadas seria suficiente para produzir uma revolução nas práticas e valores para um futuro baseado em justiça ambiental, social, cultural e econômica. 

O PAD - Processo de Articulação e Diálogo Internacional para os Direitos Humanos - rede formada por seis agências ecumênicas europeias e mais de 160 entidades parceiras no Brasil - divulgou nesta segunda-feira, dia 11 de junho a nota pública “Rio+20: ‘economia verde’ fere marco dos  direitos humanos”. 


No documento, a articulação afirma a Rio+20 e a Cúpula dos povos como momentos oportunos para repensar o atual modelo de desenvolvimento injusto e predatório. “Está colocada uma oportunidade de rever os paradigmas que orientam, equivocadamente, as relações de poder, produção e consumo entre países e povos do planeta, orquestrados pelos grandes conglomerados transnacionais”, afirma a nota.

O documento critica a proposta da “economia verde” como solução para a sustentabilidade planetária e afirma que trata-se de mais do mesmo: “crescimento desmesurado, devastação descontrolada, sob o verniz de uma ecologia de mercado”.

A rede também se posiciona contrária ao que é “mais uma concessão à redução da agenda dos direitos humanos”, citando o documento oficial da Conferência.

Por fim, afirma que a adesão dos Estados aos pactos de direitos humanos deve ser o real parâmetro com vistas a um desenvolvimento sustentável justo. E que “os pactos de direitos humanos e o conjunto de pactos, convenções e declarações, fruto das negociações entre os Estados, para cuidados ecológicos com vistas à sobrevivência da sociobiodiversidade planetária, constituem marcos regulatórios apropriados ao desenvolvimento sustentável e justo”.

A nota atesta: “não carecemos de marcos regulatórios, senão de implementação dos mesmos. Metas do Desenvolvimento Sustentável que reproduzam as frustradas Metas do Milênio não são necessárias”.


Site do PAD

terça-feira, 12 de junho de 2012

Incra seleciona entidades para manejo sustentável de fauna silvestre em assentamentos no Amazonas


11 06 jacare zsolt zatrokPacas, jacarés, queixadas, tartarugas e outros animais da fauna amazônica podem ser uma alternativa economica para assentados que moram em áreas extrativistas ou florestas no Amazonas. Com este intuito a Superintendência do Incra no Amazonas lançou o edital para a seleção de entidades interessadas em desenvolver projetos de conservação e uso da fauna silvestre em projetos de assentamentos no estado.

A seleção destina aproximadamente R$5,5 milhões para a entidade selecionada realizar as metas do projeto dentre elas estudos de impacto e manejo sustentável e a implantação de fato da cadeia produtiva licenciada pelo Ibama de animais silvestres como jacarés, tartarugas, pacas, queixadas entre outras espécies nativas que podem ser criadas com a autorição do órgão ambiental.

O edital vai atender aos projetos de assentamentos Agroextrativistas Cabaliana I e II e PAE Piranhas, no município de Manacapuru e no município de Nova Olinda do Norte, será implantado nos PA Paquequer e Abacaxis II, no Município de Borba será implantado nos PAE Maripiti, Anumaa, Puxurizal, Piaba, Abacaxis, Trocana, no município de Itacoatiara, PAE Curupira. No município de Manicoré, PA Matupi, PAE Matupiri, PAE Jenipapos, PAE Baetas, PAE Onças.

Podem participar da seleção órgãos da Administração Pública Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal, bem como as instituições privadas sem fins lucrativos relacionadas ao tema.

Para ver o edital, acesse aqui.

Agroecologia Política na Rio+20, Revista Agriculturas - Especial Rio+20


http://aspta.org.br/revista/numero-especial-agroecologia-politica-na-rio20/

Agricultura Familiar Camponesa e Agroecologia como Alternativa à Crise do Sistema Agroalimentar Industrial

SEMINÁRIO INTERNACIONAL TEMPO DE AGIR POR MUDANÇAS RADICAIS: Agricultura Familiar Camponesa e Agroecologia como Alternativa à Crise do Sistema Agroalimentar Industrial

Rio de Janeiro, 15 e 16 de junho de 2012

O seminário faz parte da programação da Cúpula dos Povos na Rio+20: por justiça social e ambiental. Tem por objetivo denunciar os graves impactos do sistema agroalimentar industrial no meio ambiente e na sociedade. Ao mesmo tempo, o seminário pretende demonstrar a importância da agricultura familiar camponesa e da agroecologia para superar a crise socioambiental.

Contará com a presença de especialistas reconhecidos internacionalmente e lideranças camponesas e produzirá insumos para uma declaração a ser apresentada na plenária de convergências sobre Soberania Alimentar na Cúpula dos Povos.

O evento é promovido por redes e movimentos sociais do Brasil em articulação com redes internacionais.

Não é necessária inscrição prévia.

Informações:

Veja a programação das atividades no documento em anexo.
Veja a programação das atividades em inglês no documento em anexo.

www.agroecologia.org.br
Eduardo Sá (comunicação ANA): 21 8387 8495

Enviado por Andréa Mendes - Rondônia, Amazônia Brasileira via Rede de Economia Solidária

Assassinatos, ameaças e racismo fazem parte da realidade indígena demonstrada em relatório lançado hoje pelo CIMI

Natasha Pitts
Jornalista da Adital

CIMIAmanhã (13), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lança mais uma edição do seu Relatório Anual de Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, documento que relata o sofrimento e as situações extremas enfrentadas por várias etnias com relação à falta de atenção nas áreas de saúde, educação, demarcação de terras, entre outras. O lançamento acontece às 9h30, no auditório Dom Helder Camara da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, Distrito Federal.
Estarão presentes o secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, o presidente do Cimi, Dom Erwin Kräutler, Lúcia Helena Rangel, antropóloga coordenadora do Relatório e Deborah Duprat, Vice-Procuradora Geral da República, além do cacique Nailton Pataxó Hã-Hã-Hãe, da Bahia, e de Jader Marubo, presidente da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), do Amazonas. As lideranças vão dar seu depoimento e ilustrar as violações denunciadas pelo Conselho Indigenista.
Segundo Cleber Buzatto, secretário executivo do Cimi, o relatório é uma importante ação estratégica feita com os povos indígenas para mostrar a realidade deste povo.
"O relatório é um instrumento de denúncia e quer chamar atenção para a realidade que os indígenas enfrentam no Brasil, onde se vê violência constante. Mas não só chamar atenção, nós queremos que esta denúncia sirva para gerar iniciativa no Estado e para que as autoridades combatam estas violências”.
O relatório traz dados de 2011 sobre casos de assassinatos, ameaças, racismo, morosidade na regularização de terras, conflitos, invasões de territórios indígenas, suicídios, desassistências na área da saúde, mortalidade infantil e violências contra povos indígenas isolados.
Dados já liberados pelo Cimi dão conta de que os danos ambientais praticados em terras indígenas cresceram de 2010 para 2011, além disso, no ano passado foram registradas 42 invasões possessórias e explorações ilegais de recursos naturais, contra 33 casos registrados em 2010.
Segundo Cleber, as invasões por parte de madeireiros e grileiros a terras indígenas já demarcadas são um problema que acontece por todo o Brasil. Na Bahia, só por meio de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi que o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe conseguiu reocupar a terra indígena Caramuru-Paraguassu. No Maranhão, a reduzida etnia Awá Guajá também luta para permanecer em seu território, ocupado por madeireiros ilegais que estão dizimando a população indígena local.
O secretário executivo do Cimi aponta a morosidade nos procedimentos de demarcação como fator que deixa as terras indígenas expostas e acrescenta que esta morosidade também é potencializadora de conflitos. Em 2011, o ano fechou sem qualquer providência do governo federal para o caso de 342 terras indígenas. Apenas três foram homologadas pela presidenta Dilma Rousseff, resultado avaliado como o pior para um primeiro ano de governo desde José Sarney.
Outro problema grave que vem sendo enfrentado pelos povos indígenas é a falta de atenção na área da saúde. Não é difícil encontrar comunidades com altas taxas de mortalidade infantil. Ainda hoje, meninos e meninas indígenas morrem em virtude de desnutrição, diarréia e vômitos, doenças facilmente tratáveis se houvesse postos de saúde, equipe médica e medicamentos adequados. As deficiências na saúde levaram à morte de 44 indígenas em 2011, número bastante elevado se comparado ao de 2010, quando 25 faleceram por falta de atenção médica.
Para ajudar a população indígena nesta luta contra o abandono e apoiar o trabalho de organizações que lutam pelos direitos desta parcela da população, Cleber pede a adesão da sociedade civil. "A cobrança junto aos órgãos governamentais pode ser feita com um telefone, um e-mail ou até pelas redes sociais. É importante que a população se envolva para que o governo sinta a pressão e se sensibilize”, diz.
Números da violência
O Cimi revela que entre os anos de 2003 e 2011 a média de assassinatos ficou em 55, somando um total de 503 mortes neste período. Em 2011 foram 51 vítimas.
Os suicídios também têm apresentado dados cada vez mais altos. Entre os anos de 2000 e 2011, apenas no Mato Grosso do Sul, estado onde se localiza a maior etnia do país - Guarani Kaiowá - foram registrados 555 suicídios de índios. Ano passado foram registrados 45 casos, enquanto em 2010 houve 42. O perfil dos indígenas é de jovens de 14 a 18 anos e adultos entre 21 e 30 anos.
Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=67795

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Organizações e Movimentos da agroecologia fazem propostas para a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica

Foram realizados seminários regionais e nacionais e as organizações e movimentos ligados à Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) se reuniram com o governo federal para debater os termos do decreto a ser assinado pela presidenta da República instituindo a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. 
Vejam o documento:
 Objetivo Geral da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - PNAPO
  • Promover a Agroecologia e a produção orgânica como forma de ampliar, fortalecer e consolidar a agricultura familiar camponesa e povos e comunidades tradicionais, nos campos, nas florestas e nas cidades, potencializando suas capacidades de cumprir com múltiplas funções de interesse público na produção soberana, em quantidade, qualidade e diversidade, de alimentos e demais produtos da sociobiodiversidade; na conservação do patrimônio cultural e natural; na dinamização de redes locais de economia solidária; na construção de relações sociais justas entre homens e mulheres e entre gerações e no reconhecimento da diversidade étnica; contribuindo para a construção de uma sociedade sustentável, igualitária e democrática.
Vejam premissas e diretrizes da Política Nacional de Agroecologia e de Produção Orgânica

Enviado por Rossilan Rocha (ANA Amazônia) e Andreia Scalabrin (FASE Amazônia)

sábado, 9 de junho de 2012

1º Seminário de Experiências Agroecológicas no Contexto Amazônico


De 25 junho 2012 a 26 junho 2012
Local: Ufam - Auditório Rio Javari (Faculdade de Tecnologia)
Rua: Av. Gal Rodrigo Otávio
Cidade: Manaus
Site ou Mapa: http://maps.google.com/maps/p…
Telefone: (92)3305-4044
Tipo de evento: evento, científico
Organizado por: NUSEC/UFAM
Enviado por Idesam
http://forumflorestalam.ning.com/events/1o-seminario-de-experiencias-agroecologicas-no-contexto-amazonico?xg_source=shorten_twitter

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Brasil envenenado: alimentos para a vida ou para a morte?


Thiago Lucas Alves da Silva











1- Uso de agrotóxicos no Brasil
 
Brasil é Bicampeão Mundial no uso de Agrotóxicos. Tanto em 2008 quanto em 2009, o Brasil foi o
maior consumidor de agrotóxicos do mundo.
 
Fonte: www.pratoslimpos.org.br
 
Na safra de 2008/2009, foram vendidos 7,125 bilhões de dólares em agrotóxicos. O uso dos agrotóxicos no Brasil é tão intenso que, fazendo uma distribuição da quantidade de veneno (920 milhões de toneladas) utilizado no ano de 2009 por habitante (192 milhões), chega-se à conclusão de que cada brasileiro consumiu uma média de 4,7 kg de agrotóxicos. Em 2010, mais de um milhão de toneladas (o equivalente a mais de 1 bilhão de litros) de venenos foram jogados nas lavouras, ou seja, cada brasileiro teria consumido estarrecedores 5,2kg/ano, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (SINDAG, 2010). Vejamos abaixo como o Brasil chegou a esse título nada lisonjeador.
 
 
- Thiago Lucas Alves da Silva é Professor de Geografia da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro e de cursos preparatórios públicos e privados na mesma cidade. Licenciado em Geografia pela FFP-UERJ, Pós-graduado (Lato Sensu) em Políticas Territoriais no Estado do RJ (IGEO-UERJ) e Mestre em Ciências Sociais – Desenvolvimento, Sociedade e Agricultura pelo CPDA/UFRRJ.


http://alainet.org/active/55395

As quebradeiras de coco de babaçu mostram sua secular arte

                                               O Ritmo e a poesia das quebradeiras de coco de babaçu no Brasil Rural Conteporâneo.
Saiba mais: http://portal.mda.gov.br/feira2009/
Enviado por Cristina da Silva-CNS

Gilberto Gil - "Um Sonho" / Xingu +23



"Um sonho", canção de Gilberto Gil de 1977, gravada no CD "Parabilcamará" em 1992, voltou a circular com força na internet em meados de 2012, um pouco antes da Conferência da ONU sobre Sustentabilidade, a Rio + 20, por sua dramática atualidade. Simpatizante da luta das populações afetadas pela construção da usina de Belo Monte no "rio da diversidade nacional", Gil gentilmente cedeu a música para que se tornasse uma espécie de hino do encontro Xingu +23, onde ribeirinhos, pescadores, indígenas, agricultores e outros impactados se unem para resistir à hidrelétrica. Para saber mais sobre o evento, que acontece de 13 a 17 de junho de 2012, entre no site http://www.xinguvivo.org.br/x23/.
Com agradecimentos a #ATOA
[ Para ver em tablets e smartphones: https://vimeo.com/43477877 ]

Desmatamento ilegal ameaça tribo amazônica, diz ONG britânica


O desmatamento ilegal da Amazônia está reduzindo rapidamente o território dos Awá, a tribo indígena mais ameaçada do planeta, afirmou nesta sexta-feira a ONG britânica Survival International.

Infográfico: Amazônia: o ouro verde em extinção
Segundo o comunicado da organização, cujo objetivo é a defesa dos povos indígenas, o desmatamento da Amazônia avança em ritmo especialmente acelerado no território dos Awá, e o problema se agravou nos últimos anos: a ONG estima que atualmente milhares de madeireiros operem ilegalmente na zona.
Os Awá são um povo indígena de caçadores-coletores e horticultores nômades do noroeste do Maranhão, cuja tribo soma, atualmente, cerca de 450 pessoas. Por ocasião da chegada da estação seca (de abril a setembro) e o início da nova temporada de corte de madeira, a Survival iniciou em abril uma campanha internacional para pressionar o Ministério da Justiça a tomar medidas que protejam efetivamente as terras dos Awá.
Nos seis primeiros meses da campanha, a ONG produziu um documentário estrelado pelo ator britânico Colin Firth sobre a situação da tribo, e mobilizou o envio de cerca de 27 mil mensagens ao Ministério da Justiça. No filme, a organização pede a expulsão "imediata" dos madeireiros do território dos Awá, "antes que o destruam completamente".
"Pode ser que sejam apenas 450 pessoas, mas sua causa se transformou em uma notícia global em pouco tempo. O governo brasileiro não pode ignorá-los por mais tempo: deve incluí-los entre as prioridades de sua agenda", defendeu Stepehn Corry, diretor da Survival International. O início da temporada de corte de madeiras é um "momento crítico" para a tribo, por isso "a pressão sobre o governo não deve parar", acrescentou Corry. 
Enviado por Cimi Brasil
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5823760-EI8139,00-Desmatamento+ilegal+ameaca+tribo+amazonica+diz+ONG+britanica.html

Terra Firme, um quilombo urbano em Belém do Pará


Daniel Leite Jr e Rogério Almeida*
O Brasil é o país que concentra a maior parcela da principal floresta tropical do mundo, a Amazônia. Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela são os demais países onde incide a floresta. Do território nacional, cerca de 61% é constituído pela Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, oeste do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), com uma população estimada em 20 milhões de pessoas.
A floresta é um mundo de gentes, olhares, saberes, cores, cheiros e histórias. A abundância de recursos florestais, minerais e hídricos a torna alvo dos mais diferentes interesses em variadas dimensões: econômicas, sociais, políticas e ambientais. E em escalas: local, regional, nacional e global, onde o direito à propriedade privada sobre a terra tem se sobreposto à posse ancestral.
Um mundo de água integra a paisagem da vasta Amazônia. Água de igarapés, furos e rios. Muitos rios. Sem falar da água da chuva. As principais capitais, Manaus e Belém, cresceram de costas para esse mundo das águas. A sufocar tudo que foi possível em nome da especulação imobiliária. Um rio-mar de gentes inunda a região.
O olhar do colonizador a sintetizou sob uma perspectiva exótica: natureza exuberante, eldorado, paraíso perdido, vazio demográfico ou inferno verde. A população originária, quando citada nos relatos, sempre foi tratada como inferior. Uma forma de legitimar a instalação da “civilização” interpretam alguns observadores. Horizonte que os discursos midiáticos dos estados centrais atualizam.
Há cidades na Amazônia. A Amazônia é uma floresta urbana, enfatizou a professora Bertha Becker na década de 1970, baseada em dados censitários. Belém é uma delas. A principal capital da região é quase uma ilha. Dos 505.823 km2, 332.037 km2 é região insular (65,64%), formada por 43 ilhas. Sob um clima quente úmido, numa temperatura média de 30º C, é o comércio e a prestação de serviço que fazem a cidade se mover economicamente. A hidrografia é rica: furos, igarapés, rios e baías. Tanto em sua parte continental quanto na insular. Baía do Guajará, baía do Marajó, baía de Santo Antônio, baía do Sol, rio Guamá, rio Murubira, rio Mari-Mari, igarapé do Tucunduba são alguns dos recursos que compõem a península.
O Tucunduba corta vários bairros de Belém, entre eles, a Terra Firme. Nascido na década de 1950, o bairro ganhou corpo a partir da ocupação de terras públicas em áreas aqui tratadas de baixadas (favelas), onde predomina a arquitetura da palafita. O bairro que tem cerca de 60 mil habitantes acumulou áreas da Universidade Federal do Pará (UFPA), da antiga Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e do Museu Paraense Emílio Goeldi. Boa parte da população da área é composta por migrantes internos ou do Nordeste, em particular do Maranhão.
No território estigmatizado pela violência, os serviços elementares ou inexistem ou são precários: saneamento (drenagem e tratamento dos esgotos domiciliares, industriais e comerciais), fornecimento de água, coleta e tratamento de lixo. O mesmo canal que aproxima os produtores de hortifrutigranjeiros do arquipélago de Marajó, e outras regiões, é o mesmo possibilita o tráfico de drogas. Baixo nível de escolaridade, desemprego, subemprego e violência conformam a aquarela da pobreza.
Relatório da Caixa Econômica Federal (2003) elaborado pelo Centro Sócio Econômico da UFPA, Curso de Serviço Social e Departamento de Políticas e Trabalhos Sociais, sob a coordenação da professora Maria José Barbosa e consultoria do professor Alfredo Wagner Berno de Almeida, indicava que 96,28% da população da região metropolitana de Belém absorvem 24,80% da renda, enquanto uma minoria, isto é, 3,72% da população absorvem 75,20% da renda gerada. A renda familiar no bairro da Terra Firme oscila entre meio a dois salários mínimos. A informalidade absorve a maior parte da força de trabalho.
Desde a década de 1990, o Tucunduba passa por um projeto de macrodrenagem. No começo da década de 2000, o projeto foi laureado com o prêmio “Caixa Melhores Práticas em Gestão Local”, e foi apresentado como exemplo de novas práticas de gestão da cidade na Conferência Habitat, da Organização das Nações Unidas (ONU). A política de saneamento básico integrou várias dimensões: geração de renda, sustentabilidade, empoderamento local, gênero e multiculturalismo. Além da Terra Firme, o Tucunduba atravessa os bairros do Marco, Guamá e Canudos, um perímetro da cidade considerado zona vermelha pelos órgãos de segurança do estado.
Em 2009, a região integrou o Território do Fórum Social Mundial. A relação entre a coordenação do evento e a população do bairro foi tensa. Jaime Soares, na época mestrando em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), refletiu sobre o assunto. Soares avalia que a coordenação do FSM de Belém tentou ocultar a situação delicada em que vive o entorno do território escolhido para a realização do Fórum.
Sobre a situação de conflito o autor alerta para a tentativa de ocultação da região, e a não participação das pessoas do entorno na agenda de ações do FSM. O artigo registra que nos mapas divulgados pela organização do evento e dos órgãos públicos, a periferia é apresentada como área verde. O pagamento de taxas e a solicitação de crachás pelos seguranças nos locais de acesso aos debates são indicados como pontos de contradição da organização local do FSM.
Soares sublinha que a não inclusão cultural, econômica e social da Terra Firme ao Fórum fere o principio de orientação da rede, que em linhas gerais, visa o não colonialismo e o combate ao neoliberalismo. O autor enfatiza, ainda, a contradição da coordenação local do Fórum, que ao invés de promover a inclusão da população do bairro, usou de expediente conservador, que se traduz em mobilizar a Secretaria de Segurança para isolar a Terra Firme das áreas da UFRA e da UFPA, locais da realização dos seminários e atos culturais durante o Fórum.
O controle social sobre a região incluía toque de recolher, e proibia festas de aparelhagem, equipamentos sonoros que embalam as festas de brega. Apesar do estigmatizado signo da violência que pesa sobre o bairro, há na Terra Firme inúmeras manifestações que buscam a amplificação da cidadania, a exemplo do Coletivo Casa Preta, Polo São Pedro e Boi Marronzinho.
Casa Preta – Terra Firme ou Montese? O nome exato do bairro é uma dúvida desnecessária, pois basta circular pelos arredores do bairro que rápido o corpo percebe a rigidez da terra, ao lado do rio que contorna o ambiente, e incorpora o nome popular da área.
Atualmente a região passa por um processo de combate e prevenção a violência. A ação da PM privilegia lugares considerados de risco, aos moldes das UPPs do Rio de Janeiro. No mesmo cenário há algum tempo, ações culturais protagonizam a ampliação da cidadania. No mesmo local pode-se encontrar experimentos de instituições de pesquisa e ensino, a exemplo do projeto Território da Memória, do Museu Paraense Emilio Goeldi. No entanto, as pautas dos jornais insistem em contemplar o aspecto negativo do lugar. Os principais jornais de Belém, Diário do Pará e O Liberal lideram pesquisa em andamento da Agência Nacional dos Direitos da Infância (Andi), em matérias sobre adolescentes em situações de conflito com a Lei.
Observador um pouco mais cuidadoso encontrará dimensões interessantes para além da superfície das pautas factuais. Exemplo disso é a realização de oficinas de construção de instrumentos musicais e percussão da Casa Preta. A iniciativa tem como um dos ponta de lança o ativista cultural Anderson de Souza Ferreira, mais conhecido como “Don Perna”. O migrante da periferia de Campinas, estado de São Paulo, aprendeu o que é cultura nas ruas. Ferreira além de percussionista é ciberativista e dj. Fala com entusiasmo dos mestres de percussão e capoeira com quem teve contato no processo de aprendizado sobre o universo da cultura de matriz africana.
É esta a opção do Coletivo “Casa Preta”: cultura de matriz africana. A ONG integra a Rede Mocambos, que atua nos estados do Pará, Maranhão, Amapá, Acre, Porto Velho e Manaus. Um dos objetivos da rede é incentivar e reafirmar a identidade da cultura negra. É este segmento que configura boa parte da população do bairro. O horizonte das ações possui como pano de fundo motivar a reflexão sobre a cidadania, cultura, paz, negritude, literatura, cinema e música.
O Projeto Bloco Firme, selecionado pelo Programa Territórios de Paz do Ministério da Cultura no ano de 2011, por via do Programa Mais Cultura é uma das âncoras do coletivo. A inciativa do ministério colabora para a geração de recursos econômicos para os projetos, dando estabilidade às pequenas iniciativas de incentivo a grupos artísticos independentes, grupos étnicos de tradição cultural e pequenos produtores culturais. O projeto resulta de uma parceria com a Justiça Federal através do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania (Pronasci), que visa oportunizar o acesso à produção, ao consumo e ao reconhecimento de bens culturais.
Casa Preta-Bloco Firme acontece no espaço “Polo São Pedro” que é vinculado à Igreja São Domingos de Gusmão, liderado pelo Padre Bruno, histórico ativista pela garantia dos direitos da criança e do adolescente. Cinco eixos orientam a atuação do coletivo, são eles: a) Cultura Ancestral – realiza oficinas de dança afro, construção de tambores, formação do Bloco Firme; b) Cultura Afro Contemporânea – contempla a cultura hip hop e eventos culturais; c) Cultura Digital – incentiva a apropriação tecnológica a partir do conhecimento de softwares livres; d) Formação Política – atua com diferentes metodologias em comunidades urbanas e rurais para difusão, construção e desenvolvimento pautado em modelos de colaboração comunitária, com contornos de filosofia afro quilombola; e) Empreendimentos Solidários – busca a criação da microempresa “NEGOOCIO” que oferecerá serviços de desenvolvimento na web (sites, e-comerce, blogs e outros), e a articulação da Rota de Escambo Baobá.
Don Perna que é o oficineiro para a construção de instrumentos e de percussão, acredita que a partir das oficinas, exibição de filmes e debates, troca de experiências com parceiros locais e de outros estados é possível provocar a reflexão sobre a identidade cultural dos jovens. Ele acredita que a prática experimental pode levar a uma compreensão e valorização dos ritmos e danças que fazem parte da alma antropofágica da diversidade cultural do país. E a partir daí estimular uma nova abordagem crítica sobre a história e a consciência do indivíduo dentro da comunidade.
As oficinas ocorrem por cerca de duas horas, duas vezes por semana. Sempre no início das noites de terça e quinta, e aglutinam uns 15 jovens, entre 12 a 22 anos. Yasmin Minami soma 18 anos, faz o curso médio na escola pública Mário Barbosa. Tem feição indígena. É uma das meninas que tocam a alfaia, um instrumento típico do maracatu de Pernambuco. A adolescente lembra que reconheceu em si outras culturas, outras pessoas que não imaginaria. “O projeto ajuda a estimular os valores culturais da pessoa que sou. Passei a reconhecer o espaço em que nasci e vivo de outra maneira,” avalia a jovem. No mês de abril ela e mais duas adolescentes participaram de um encontro cultural em Minas Gerais. Foi a primeira vez que viajaram de avião.
O Polo São Pedro cede espaço para as oficinas do Casa Preta. Nele ocorrem desde 2006, um cipoal de atividades culturais que visam incrementar a autoestima da juventude do bairro. Tem o status de ponto de cultura onde são realizadas agendas culturais no campo do teatro, canto coral, violão, flauta, percussão e dança. Um dos grupos surgidos foi o Sementes da Terra.
O casal Odiléia e Edson Lima é responsável pelos projetos do polo, que demoraram cerca de seis meses para serem formatados. Ele buscava, via cultura, uma forma diferente de evangelizar e debater a cidadania num território marcado pela violência e tráfico de drogas. Os oito oficineiros são voluntários. No ano de 2011 as experiências chegaram a mobilizar perto de 300 pessoas.
Mas, no ano de 2012 as atividades ainda não foram iniciadas. Odiléia Lima informa que o Ponto de Cultura deveria ter recursos para três anos. No entanto, o polo recebeu somente durante um ano. A coordenação ainda aguarda recursos do governo federal e pleiteia, via projetos, colaboração em outras fontes.
Boi Marronzinho – Na lavoura cultural da terra firme existem terreiros de umbanda, blocos de carnaval, reggae, quadrilha de São João, boi bumbá e institutos de cultura. Um dos mais antigos é o Boi Marronzinho. Soma perto de 20 anos.
Como outras iniciativas, surgiu como ferramenta para enfrentar a violência e ampliar a cidadania. Emergiu na passagem Brasília, da inquietação de um senhor conhecido como Cici e da dona Nazaré. Casal radicado no lugar há mais de 50 anos. Ao cabo da viagem, parece que um rio de gente que busca dignidade corre no bairro da Terra Firme.
* Daniel Leite Jr é estudante do 3º período de Jornalismo da Universidade da Amazônia (Unama) e bolsista da Agência Unama pelo Direito da Criança e do Adolescente (Agência Unama). Rogério Almeida é professor da Unama e coordena o projeto de extensão Agência Unama.
(Carta Maior)
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http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/terra-firme-um-quilombo-urbano-em-belem/