Durante o Fórum Social Temático (FST), em Porto Alegre, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) participa de atividades para mostrar que o feminismo contribui na construção de uma agricultura que respeite a natureza e a saúde humana.
Rosangela Piorizani, da direção nacional do movimento, conta que mulheres organizadas no campo defendem um plantio “limpo de venenos” em tempos de crise climática. Em uma atividade realizada na Tenda Paulo Freire, no Acampamento da Juventude, explicou que é preciso construir a agroecologia.
Para isso, ela ressalta que são necessárias políticas públicas e mobilização, mas também debates dentro das próprias famílias camponesas. Rosangela fala da dificuldade de enfrentar uma visão “mais masculina” do cultivo de alimentos, que é mais “desbravadora” e se adequa às “perspectivas de mercado”.
Ela critica ainda o agronegócio e domínio das transnacionais. Mais que o mercado, Rosangela diz que essas empresas são tão poderosas que controlam “o ciclo da vida das pessoas”. Isso por produzirem sementes, agrotóxicos e, algumas delas, produtos do ramo farmacêutico.
A agricultora Adriana Mezadri, também presente à atividade do Fórum, lembrou que a ação dessas empresas chega às comunidades rurais “com toda força”. Ela conta sua própria experiência, quando sua plantação foi contaminada por transgênicos.
Neste contexto, Adriana valoriza o papel das mulheres na preservação das sementes crioulas, consideradas centrais na luta contra o agronegócio e na busca por soberania alimentar. Entre as mais poderosas transnacionais dos alimentos estão a Monsanto, Syngenta, Bayer, Dupont, DowAgrosciens e Basf.
Diante deste poder econômico mundial, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), que integra a Via Campesina, defende que o debate sobre alimentação vá além da vontade de comer um “tomate limpo”. Para estas mulheres, esta é uma luta por um “outro modelo de agricultura” e por “novas formas de viver e consumir”.
FONTE: Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – CEDEFES